terça-feira, 20 de março de 2012

Poesia e Primavera


     No dia  21 de março, o Dia Mundial da Poesia e primeiro dia da primavera, aqui deixamos o belíssimo poema de Alberto Caeiro "Quando vier a primavera", dito pelo encenador Valdemar Santos. Foi um dos poemas que integraram a iniciativa "Um poema por semana" da RTP2, da autoria de Paula Moura Pinheiro. Nada melhor do que ouvirmos um belo poema num dia de primavera, principalmente se nele estiverem as palavras de quem viu sempre o mundo como se ele fosse uma flor que nasce pela primeira vez.








Quando vier a primavera,
 Se eu já estiver morto,
 As flores florirão da mesma maneira
 E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
 A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
 Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.

Se soubesse que amanhã morria
 E a primavera era depois de amanhã,
 Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
 Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
 Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
 E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
 Por isso, se morrer agora, morro contente,
 Porque tudo é real e tudo está certo.

 Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
 Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
 Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
 O que for, quando for, é que será o que é.


Alberto Caeiro
 1889-1915




Olhemos o mundo à nossa volta e vejamos a poesia que nele existe!



A equipa da BE

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